terça-feira, 25 de agosto de 2009

Promotor Rubens Luiz Sartori - Aposentadoria pedida com poema

Chegar ao final da carreira e solicitar a aposentadoria em forma de poema (como sempre usou em pareceres e pedidos no Ministério Público) demonstra a Dedicação do Promotor Rubens Luiz Sartori de Campo Mourão.



Excelentíssimo senhor
Doutor Gilberto Giacoia,
Digno geral-procurador,
onde o parquet se apóia:


Venho por meio desta,
a augusta Procuradoria;
chapéu tapeado na testa,
pedir a aposentadoria.

Cumpri minha sina gaudéria,
fui promotor trintenário.
Sempre esclareci a matéria,
Sempre cumpri meu horário.


Comecei nos anos setenta,
com a máquina manual,
sem ter telefone, nem fax,
faltava até material.

Iniciei por Marialva;
e não conto nada em prosa
Trabalhei em São Jerônimo,
e fui o primeiro de Barbosa.


No começo dos oitenta,
eu fui pra Engenheiro Beltrão,
lá eu fiquei por três anos;
e mais de quinze em Campo
Mourão.

Campo Mourão, com amor,
abrigou-me desde piá;
de açougueiro a Promotor.
Os meus ossos guardará.


Termino aqui em Maringá,
boa terra onde me formei;
meu filho hoje cá está;
no Direito que lhe ensinei.

Para minha filha caçula,
que dos dezoito já passou,
e vai ser engenheira química,
a minha bênção a ela dou.


Agradeço a minha Jussara,
esposa de bom coração.
Ao seu lado tudo sara,
até a dora da ingratidão.

Ao meu pai, o seu Gastone.
À minha mãe, a dona Olga.
Como som de gramofone,
casal simples, mas que empolga.


A minha beca desbotada,
foi a estola de meu centro;
quanta vez saiu suada,
dos debates noite adentro.

Sai bem rota, mas honrada.
Continua no magistério,
lecionando na Fecilcam;
ensinando, sem mistério,
o alunato da Comcam.


Sei que é cedo para ir embora,
mas eu já estou de tardezinha.
Fiz da minh'a alma, minha espora
pra cavalgada que é só minha.

Vou-me apenas pra mais perto,
dos meus dias nesta terra.
Saio firme e muito esperto,
para o só meu tempo de espera.


Deixo o cargo consciente
de que não fui muito brilhante;
porém, sempre independente;
jamais fui inoperante.

Sempre fui do interior.
Nunca corri em promoção.
Fiz da carreira um penhor:
“Ser Promotor com Paixão”.


Devo tudo o que eu sou,
a nossa Instituição:
“até sempre” e a Ela dou,
minha eterna gratidão.

Ao meu Ministério Público,
Não desejo dizer adeus.
Quero, c'o coração em júbilo,
Rogar-lhe a bênção de Deus.


Obrigado, meus Colegas,
do trabalho e da verdade;
sempre tenham deste amigo,
o respeito e a amizade.

E assim descrito, Excelência,
singelo, e sem rebuscamento,
dê-me ir-me com decência;
dê-me, enfim, deferimento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009