segunda-feira, 26 de abril de 2010

o amor e a aliança

Encontrei nas páginas do livro "Desfiz 75 anos" de Rubens Alves o texto abaixo:


"Assim é o amor. A gente é cavalo selvagem que ninguem cavalga. Como se fôssemos uma fúria em repouso. Olham para gente com medo e assombro. De longe, porque de perto pode ser perigoso. Aí acontece de a gente se apaixonar por uma mulher. E o cavalo selvagem fica com vontade de carregar aquela menina nas suas costas. Aproxíma-se dela então relinchando mansamente e dizendo: "monta nas minhas costas". A mulher amada aceita o convite, mas não monta em pelo. Vai pondo arreio, freio, barrigueira, rabicho, espora...
Aí então ela monta o cavalo outrora selvagem e sai pelo mundo numa marchinha mansa, ploc, ploc, ploc, ploc. O cavalo selvagem se esqueceu dos seus voos e agora só pensa na sua amada. Quando ela chega a seu destino, amarra o cavalo numa árvore e ele fica lá sem protestar, com paciência infinita, trocando pernas, espantando mosquitos com o rabo enquanto pensa que qualquer sacrifício vale por causa da mulher que ele ama.
Não pense que ela vai jamais abandonar aquele cavalo. Cavalo marchador forte é para o resto da vida. União indissolúvel, até que a morte os separe...